Série: Greve histórica [final]


O portal marcozero publicou uma reportagem histórica e curiosa sobre uma greve de trabalhadores que aconteceu em 1958. O feecidadaniape reproduz este conteúdo em formato de série. Vamos ao final.


À época da Greve de 58, o governador Cordeiro de Farias teve uma atuação dúbia que, ora amenizava a disputa entre trabalhadores e patrões, ora inflamava os ânimos. Por causa de um locaute (paralisação promovida pelos donos das empresas) acontecido em 1957, após aprovação do código tributário, Cordeiro de Farias se indispôs com a classe patronal e, por isso, já vinha em conflito com os industriais.

Aliado do governador e vereador do Recife pelo PTB, Wilson de Barros Leal (foto), era o presidente do Sindicato dos Têxteis e representou a categoria nas negociações trabalhistas.

Os antecedentes - Ainda segundo a professora Maria do Socorro Abreu e Lima, “é provável que esta greve (Greve dos 400 mil, deflagrada em São Paulo, em outubro de 1957) tenha influenciado na decisão dos têxteis de Recife”.

O Sindicato dos Trabalhadores Têxteis do Recife (fundado em 1930) começou a construir suas mobilizações a partir de 1945, com o fim do Estado Novo instaurado por Getúlio Vargas. No mesmo período, o Partido Comunista (PCB) unia forças à organização sindical. Os operários chegaram a encerrar expedientes de trabalho, em 26 de novembro do mesmo ano, para ir ao comício de Luiz Carlos Prestes.

E, desta ligação com o PCB, surgiu a primeira greve em 1947. Em solidariedade ao delegado sindical da fábrica, que sofreu represália por cobrar salários atrasados, a categoria cruzou os braços por três dias. A paralisação culminou em uma intervenção do Ministério do Trabalho que durou até 1950 por meio de duas juntas governativas, a segunda encabeçada por Wilson de Barros Leal. Wilson foi eleito presidente do sindicato mesmo ano.

Foi uma aparente virada na posição do vereador que, de interventor ministerial, se tornou presidente eleito da organização. Naquele período assumiu posturas mais populistas, já que sua base eleitoral eram os trabalhadores.

Em 1952, houve outra paralisação que reivindicava 50% de aumento no salário, mas só obteve 30%. Os tecelões estavam sujeitos à manutenção da cláusula da assiduidade integral e não obtiveram retorno algum da justiça trabalhista sobre o programa de 29 reivindicações que compunha a campanha salarial. De acordo com a cláusula de assiduidade, o pagamento dos trabalhadores seria proporcional à frequência dos mesmos durante a semana.

Wilson saiu da presidência do sindicato elegendo seu sucessor Pedro Paiva, antigo secretário da Diretoria do Sindicato e empregado da Fábrica Tacaruna. Voltou ao sindicato em 1957, como oposição a Pedro, e encampou a greve no ano seguinte.