Série: Greve histórica

“Essa foi quarenta e nove dias de greve, quarenta e nove dias de “guerra”. Porque aquilo não é greve, aquilo não é greve! Aquilo é “guerra”. - Seu Abdias, ex-motorista da Fábrica da Macaxeira

O portal marcozero publicou uma reportagem histórica e curiosa sobre uma greve de trabalhadores que aconteceu em 1958. O feecidadaniape reproduz este conteúdo em formato de série.

Uma guerra, sim, seu Abdias. O conflito de classes que, entre levantes dos trabalhadores e a opressão patronal, fez surgir no Recife a  Greve dos Têxteis de 1958, marcando a história do movimento operário no país.



Há  60 anos, fora do eixo industrial do Brasil, concentrado nas regiões Sul e Sudeste, industriais que agiam como coronéis travaram uma disputa jurídica contra os trabalhadores que resultou em 49 dias de paralisação, violência e resistência. Enquanto os operários reivindicavam a campanha salarial daquele ano, os empresários tentavam burlar a decisão de 25% de aumento no salário, estabelecida pelo Tribunal Regional do Trabalho.

A greve dos 49 dias foi deflagrada em 20 de janeiro de 1958, após o não cumprimento da decisão do tribunal e se estendeu durante todo trâmite jurídico, acabando em 9 de março do mesmo ano. Inicialmente, a proposta dos trabalhadores era de 50% de aumento salarial, mas o TRT acatou apenas a metade deste percentual. Mesmo assim, os patrões descumpriram a decisão, gerando a revolta da categoria.

Aproximadamente sete mil operários paralisaram completamente as atividades em oito fábricas têxteis do estado: Fábrica da Macaxeira, Fábrica da Várzea, Fábrica Amalita, Fábrica Bezerra de Mello, Fábrica de Camaragibe, Fábrica Yolanda, Fábrica Tacaruna e Têxtifício Santa Maria. A imprensa percebeu a amplitude da mobilização e fez cobertura diária.

continua...

Por Helena Dias / Marco Zero