A matéria foi publicada em 05 de julho, mas não se desatualiza de maneira alguma. Marina Rossi assina o texto. Como o conteúdo é bem complexo, decidimos fazer uma série pra não perder nenhuma palavra dessa análise publica no jornal espanhol El Pais.
O superlativismo pernambucano é uma piada até entre os nativos do Estado. O "maior museu de armas brancas do mundo" ou a "maior via em linha reta do Brasil" são, por exemplo, como se referem ao Instituto Ricardo Brennand e à avenida Caxangá, respectivamente. Mas, em meio a tantos superlativos, a capital pernambucana também ostenta pódios negativos: um dos piores trânsitos do país.

A mobilidade urbana é uma questão enfrentada pelas grandes cidades em todo o mundo. Não é uma particularidade de determinadas regiões brasileiras ou de países subdesenvolvidos. Mas, no caso do Recife, algumas peculiaridades devem ser levadas em conta para explicar esse problema. A primeira é de cunho histórico, como explica Leonardo Meira, professor do departamento de engenharia civil na área de transportes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Recife é uma das cidades mais antigas do Brasil [fundada em 1537], e as ruas que foram projetadas para as carroças hoje comportam carros", diz. "Há um problema de espaço”.