Distorcendo

A Celpe publicou em seu portal nota afirmando " sofrer ameaças na retirada de fios de internet nos postes da iluminação pública." A empresa fornecedora de energia elétrica, que deixou muita gente em vários pontos do Nordeste sem tem acesso ao pagamento das contas de luz nas casas lotéricas, usa a imprensa para denunciar os fornecedores de internet nas comunidades.

No jornal Folha de Pernambuco foi reforçada mensagem que acusa de clandestinas as instalações. Uma matéria do dia 19 de junho afirmava: "Ainda segundo a Celpe, ao identificar cabos instalados clandestinamente, a concessionária realiza a imediata remoção para garantir a segurança da população e assegurar o suprimento de energia elétrica. No caso das operadoras que possuem contrato de compartilhamento dos postes, a companhia notifica as empresas para que regularizem a situação."

Um mês depois, o mesmo veículo publicou reportagem com o título: "Gatonet: 87% dos provedores de internet no Grande Recife são irregulares" O texto começa até abordando a necessidade das pessoas de ter acesso ao serviço. "Bastante popular em todo o Brasil, o chamado “gatonet” acabou virando a principal solução para quem precisa de serviços básicos de telecomunicação, a exemplo da internet, mas não tem como pagar os preços cobrados por grandes provedores." Fala de uma empresa que foi regularizada e finaliza com uma ameaça da Anatel: "A nota informou, ainda, que a agência tem trabalhado no combate ao desenvolvimento de atividades clandestinas."

O que não nos "desce" é a forma de que o assunto foi exposto. O Governo Federal aborda a inclusão digital para a população e uma fornecedora de serviços trata de um assunto fundamental como algo "criminoso" que poderia ser discutido de outro formato. É interessante que haja uma discussão franca e sadia sobre como ter acesso à internet sem ser ofensivo aos desfavorecidos.