A guerreira da música

Postado por Daniel Sena


A única grande gravadora brasileira fora do eixo Sul-Sudeste do País foi a Fábrica de Discos Rozenblit, que funcionou no Recife entre 1954 a 1984.


O comerciante José Rozenblit, era proprietário das Lojas do Bom Gosto, no centro do Recife. Nasceu em 1927, no bairro da Boa Vista. Seu sobrenome, assim como sua origem judaica, vem da Romênia. significa “Rosa de Sangue”. 


Em 1953, gravou dois frevos escolhidos pelo maestro Nelson Ferreira – o frevo de rua Come e Dorme e o frevo-canção Boneca. Fator decisivo para a criação da Rozenblit. Em sociedade com os irmãos Isaac e Adolfo, foi fundada em 11 de junho de 1954, e instalada na Estrada dos Remédios, em Afogados. Nas dependências que serviam a produção de discos, desde a gravação até a venda. Possuía um estúdio que comportava uma orquestra sinfônica e um moderno parque gráfico.

A fábrica quebrou o sistema de dependência de uma indústria de fora. A preocupação com a música local e regional foi forte á produção da Rozenblit que, também fez algo fora do eixo Rio-São Paulo. Abriu filiais no Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e investiu no mercado nacional: lançou artistas como Zé Ramalho e Tom Zé além de sucessos de compositores como Pixinguinha, Tom Jobim e Ary Barroso. Também foi responsável por muitos sucessos internacionais. Também se dedicou a gravar vozes de escritores pernambucanos ora em prosa ora em versos, a exemplo de Gilberto Freyre, Ascenso Ferreira e Mauro Mota.


A marca visual dos discos da Rozenblit passou por vários selos de identificação onde o mais conhecido foi o Mocambo, usado desde 1953. Outros selos foram: Passarela, AU (Artistas Unidos), Arquivo, e o Solar.

O maior sucesso nacional da Rozenblit,  foi o frevo Evocação nº 1, de Nelson Ferreira, seguido da marcha-rancho Máscara Negra, de Zé Keti e Pereira Matos, e Maria Betânia, de Capiba.


A competição com as grandes gravadoras enfraqueceu sua caminhada de sucesso. As dificuldades financeiras chegaram e se agravaram quando a Fábrica foi atingida pelas enchentes de 1966, 1967, 1970, 1975 e 1977. Em 1966, foi praticamente arruinada. Contando com a ajuda oficial e privada foi restaurada em seguida. Em 1967, a enchente destruiu quase tudo e a Rozenblit ficou funcionando precariamente. Em 1975, a ajuda veio do governo do estado de Pernambuco que concedeu empréstimo para compra de equipamentos para a reerguer. 


Na década de 1980, depois de muitos anos de sucesso e alguns de perda e grandes dificuldades, a Rozenblit encerrou suas atividades. Seu fundador, José Rozenblit, faleceu em outubro de 2016. 

Fonte de pesquisa: Fundaj