Rendendo ibope

Educação rende cliques, desperta o interesse do público de jornais e telejornais, mas perde espaço na disputa com temas “quentes” do dia, algo que tem sido especialmente frequente nestes tempos de crise política. Valorizar a educação na pauta passa pelo esforço de buscar novos formatos e de contextualizar as notícias, não só aproximando os grandes temas da área da realidade do leitor/espectador, mas mostrando, com base em dados, a relevância deles para o futuro do país.

Esses foram alguns dos pontos debatidos na mesa “Editores e a Educação como Notícia” durante o 1º Congresso de Jornalismo de Educação, promovido pela Jeduca. Realizada em 29 de junho, a mesa foi mediada pelo jornalista Ricardo Falzetta, do Todos Pela Educação, e teve a participação da diretora geral do Nexo, Paula Miraglia, do editor do caderno Cotidiano da Folha de S. Paulo, Eduardo Scolese, e de Nélio Horta, chefe de Produção de Telejornais da TV Globo em São Paulo.

Paula acredita que um dos problemas da cobertura é que educação é um assunto com o qual as pessoas têm familiaridade ou acham que têm. “Temos jovens fora da escola, a situação do ensino público, a crise no ensino superior privado, muitos elementos que mostram que o tema é sensível para o Brasil. E não temos sido capazes de sensibilizar o público, como acontece com a violência, que está todos os dias nos jornais.”
  
O editor da Folha Eduardo Scolese, disse que boas pautas de educação sempre são valorizadas na Folha, mas admitiu que a disputa por espaço é grande. “No Cotidiano, a gente cobre desde educação, saúde, segurança, ambiente, gestões Dória e Alckmin, crise da água, num espaço de quatro, cinco páginas por dia.”

Nélio Horta também falou sobre a disputa por espaço na pauta. “Historicamente a Globo, a Fundação Roberto Marinho, sempre deram espaço para a educação. Pauta de educação é sempre bem-vinda, em qualquer telejornal. Mas como é que a gente consegue emplacar uma notícia de educação no Jornal Nacional com Brasília pegando fogo?”, disse. “Os telejornais vivem de notícia, eles têm que dar notícia. Então se eu chego lá e digo ‘vamos tratar do ensino médio’, alguém vai dizer: ‘Vai produzindo aí e algum dia a gente mostra. Porque eu tenho outras prioridades.’”

O produtor da Globo acredita que há três perfis de pautas de educação. Um primeiro bloco é de assuntos mais tópicos, que interessam diretamente a uma parte do público, como falta de uniforme escolar na rede pública. O segundo é de matérias ligadas a campanhas de responsabilidade social da Globo, de valorização do professor, por exemplo. O terceiro são os “grandes temas”. “Estes são os mais difíceis de a gente conseguir emplacar. Porque na televisão vão me dar 2 minutos e meio para aprofundar aquilo, então eu já peço: ‘Me dá cinco matérias que aí a gente consegue contar.’
  
do jeduca.com.br