A violência vem de casa (parte 1)


Pesquisa do Centro de Análises Econômicas e Sociais (CAES) da PUC-RS em três comunidades do Recife: Canal do Arruda, Chão de Estrelas e Santo Amaro. O diagnóstico Infância e violência: cotidiano de crianças pequenas em comunidades do Recife constata que a opressão tornou-se cultural. Pior. Hierárquica, onde o pai bate na mãe, que agride o filho e este reproduz o comportamento agressivo com os menores que ele.



O ambiente onde se vive interfere nas reações violentas dos adultos contra as crianças. A falta de iluminação nas ruas acoberta os castigos físicos dos pais contra os filhos no Canal do Arruda. Já em Chão de Estrelas, apenas um banheiro na casa, de alguma forma, pesa neste comportamento agressivo. Em Santo Amaro, a violência é um capítulo à parte comparado às outras duas comunidade. Lá, o fato de a família morar numa casa com apenas um cômodo é fator determinante nas agressões. Fora de casa, a violência tem como principal raiz as drogas e o tráfico.


Nas três comunidades, foram ouvidos 348 pessoas, sendo 256 adultos e 92 crianças de zero a oito anos. A coleta de dados, realizada pelo professor de sociologia da Universidade Federal de Pernambuco, José Luiz Ratton, e pela mestranda em sociologia Patrícia Oliveira, foi realizada entre setembro e dezembro de 2012.



Uma força-tarefa. Esta é a receita do coordenador da pesquisa Infância e violência: cotidiano de crianças pequenas em comunidades do Recife, o sociólogo Hermílio do Santos, para tentar reverter o cenário violento em que vivem as crianças nas comunidades do Recife ouvidas pelo trabalho. O grupo seria formado pela sociedade, organizações não governamentais e, obviamente, pelos poderes públicos.



Um dos pontos que chama a atenção da pesquisa é a mulher como o principal protagonista na reprodução da violência. Por conta disso, o estudo sugere ações voltadas para melhores condições para a mulher, aumentando sua escolaridade e sua capacidade de geração de renda. Quanto mais jovem a mãe maior a frequência com que agride os filhos. Seria fundamental que estas jovens tivessem algum tipo de acompanhamento com vistas a reduzir esta possibilidade de praticar violência física contra as crianças pequenas.


Continua...


Adaptado de diariodepernambuco.com.br
Imagens: recife.pe.gov.br

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